Chamou-me atenção uma mulher que passeava, manhã cedinho, com um pequeno cão.
Ao cachorro ataram meias (ou luvas) de crochê.
Vermelhas.
O pequeno ser pareceu-me acostumado com o estranho acessório – não conformado – acomodado talvez.
A dona certamente sabia quais motivos da imposição. Conhece germes, esporos, fungos e imundices do passeio público.
O puldo não.
Sabe que usa por obrigação, espera apenas quem em casa tirem-nas (espero eu também, por caridade). Lembrou-me – Deus que me perdoe – o que chamamos de desígnios. Como esperar que pequeninos cães entendam lógicas, coerentes e justas deliberações acerca das quais não têm qualquer capacidade de entendimento?