sexta-feira, 31 de julho de 2009

Termo de Ocorrência - 03





Quando Fulora na Seca
No mês de fevereiro o mandacaru do nosso terraço floriu. Filho clone de um braço que trouxemos há seis anos da casa do Espinheiro, resíduo escondido dos nossos sertões, estava meio esquecido nessa ponta do terraço até que resolveu florir. O botão bruto mangará pontiagudo parecia rude como a haste espinheira mãe. E que surpresa quando a flor de seda brotou na lua cheia da sexta-feira treze. Filha solitária que nasceu efêmera por uma noite e secou ao despontar do sol. Alegriazinha nas nossas vidas cinza, esperança que a beleza surja no caos, fome de vida que supera a aspereza, morte que vira frutos e renascem filhos. Cuidamos pelo esquisito extinto de criar, por criar, procriar e manter. Sem pensar. Porque o vivo nascido se venera e cuida, esquecendo-se o propósito imita-se Deus.

Silogildo THILLER 2 (amplie)

Silogildo THILLER (amplie)

quinta-feira, 30 de julho de 2009

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Joaquim Raphael Cavalcanti de Albuquerque


Bisavô do qual herdei o nome. Senhor do Engenho Pedra D'Amolar - Rio Formoso, PE. Em foto do arquivo da Fundação Joaquim Nabuco.A linha segue com o seu casamento com Maria de Jesus Cabral de Melo, do qual nasceu a minha avó Maria do Carmo Cavalcanti de Albuquerque.

Silogildo Caronas (amplie)


Silogildo brinca com sentenças lógicas para Filosofia e Ética Profissional

domingo, 26 de julho de 2009

Silogildo e o Fuquete - amplie

Passou no Meu Écran - 5.1



O Verbo Que Se Fez Carne.

Digitalização de um bilhete da minha avó (por parte de pai – comum com Rosinha) marcando encontro na estação ferroviária em 11 de maio de 1923. Ele foi ao encontro dela. Quatro anos depois em 06/05/1927 nasceu meu pai; sessenta e nove anos depois, na mesma data, a bisneta (pelos dois lados) Maria Cristina.

Transcrição: Senhor Antônio. Eis o meu andresse (a moda era o francês): Maria do Carmo Cavalcanti. Engenho Pedra d’Amolar. “Estação Cucaú”. Ramal de Ribeirão a Barreiros. Seguirei definitivamente na 2ª feira se Deus quiser. Espero vê-lo na estação – Carmita - 11/05/1923.

Passou no Meu Écran - 5




Escalação do time de futebol da Vila da COHAB – Garanhuns, na década de setenta. Estávamos em uma bodega e o dono do time ditou para Tio Paulo Gervais que anotou nesse papel de embrulho. Guardo com cuidado – agora digitalizado – eis a transcrição do escrete:
Marreta; Marreco; Tião da Venda; Beleu; Pacote; Mei-meiote; Chaleira; Antônho do Barraco; Ivo-pai-de-lambreta; Adauto Adminiatrador; Zé da Boia.
Reservas:
Decrépito; Veinho; –E(I)nfermidade.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Silogildo & a Reforma - amplie


Silogildo brinca com os conceitos de lógica na disciplina de Filosofia e Ética.

Silogildo & o Sistema de Cotas - clique para ler


Silogildo brinca com sentenças lógicas para a disciplina de Filosofia e Ética

Termo de Ocorrência - 02

“Quem quer pouco, tudo tem; quem quer nada é livre; quem não tem e não deseja, homem, é igual aos deuses.”

(Ficções do interlúdio/Odes de Ricardo Reis [395])

sábado, 18 de julho de 2009

Passou no Meu Écran - 4


Uma das raras fotos(fragmento) em que apareço com o meu avô Pedro e minha mãe, talvez a única no braço dele. Em uma festa na casa de Tio Mauro na Rua Napoleão Galvão em Garanhuns por volta de 1964.

Passou no Meu Écran - 3


1966/67 – no aeroclube de Garanhuns, os irmãos: Marcos; Mauro; Márcio e Maurenice. Eu - primo - com o cursor do tirante do aeromodelo a motor de combustão interna(queimava uma mistura de gasolina e óleo). Uma das (muitas)manias de Tio Mauro.

Passou no Meu Écran - 2

1968 - O nome dessa Kombi era "Evangelista" - Tinha sido do Instituto Bíblico -, meu pai, para lembrar da procedência, colocou o nome alusivo. Batizávamos os carros. A vida era mais simples...

Olha o "reclame":

terça-feira, 14 de julho de 2009

Silogildo & Sófismia - amplie para ler


Silogildo é personagem lúdico/didático com sentenças lógicas para a disciplina de Filosofia e Ética.

domingo, 12 de julho de 2009

sábado, 11 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Três Tempos














Conto

Joaquim Rafael Soares


Rua da Guia, da Moeda, Madre de Deus. Bom Jesus. Cais da Alfândega, do Apolo, Zona do Porto.
Outrora fervilhava.
Gente, baixo clero, burgueses, portugueses, mercadores, alto clero. Nobres e sans-culottes. Ânforas, fardos, peças, carretéis. Rodilhas, polias, retrancas, carlingas e gáveas.
Bujarronas, lanternas e tombadilhos. Escravos, senhores, ferros e argolas. Capas, sedas, veludos e estopas. Espadas, floretes e adagas. Cromos, pelicas e pés-no-chão.
Vicissitudes, revoltas e motins.
Guerras. Mão do homem. Descuido de Deus.
Cais do porto, zona portuária. Rebocadores e guindastes. Práticos, marinheiros e estivadores. Sobrados e sacadas. Camas, suores e gemidos. Vinho, música e tabaco. Amores, rusgas e pendengas. Dores, gozos e torpores. Mortes, talhos e navalhas. Cafetões e meretrizes.
Moléstias. Decadência.
Ostracismo.
Renasce o bairro, iluminam-se mentes. Restaura-se, resgata-se e reforma-se.
Projetos, halls e plotagem. Granitos, novas línguas, modas e moedas. Banner, leiautes e portifolios.
Ressuscitam os tambores silenciosos dos maracatus. Um shopping, uma Livraria, um café, restaurantes de finas iguarias, uma igreja reformada sem cismas, refrigerada.
Da Rua da Concórdia, outra ilha, do tempo remanescente, primo tempo que fervilhava, em bronze a estátua do abolicionista aponta o cais. Casaca, colete e monóculo. Bigodes jônicos, suíças. Ao sopé a raça servil liberta, rotos grilhões. Ao largo aponta Nabuco, mão direta, mudo discurso. Petrificado.
Esquecido da retórica libertária o vulgo achincalha. O povo que tudo escangalha, ao herói frase empresta, diz: a zona é por ali, indica aos incautos passantes – galhofa -, o meretrício seu Joaquim? Lá! O gesto responde.
Na profunda noite, no silêncio negro das vielas, no silvar gélido do terral nas pedras de lastro das caravelas que ainda toscas vestem o chão, milhares de espectros de todas as eras transitam. Divertem-se com o pilheriar da turba, com o farfalhar de etéreas saias.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Silogildo e a Farra do Boi (amplie para ler)



Silogildo É uma brincadeira didática com sentenças lógicas para os alunos da disciplina de Filosofia e Ética Profissinal

Silogildo




Silogildo É uma brincadeira didática com sentenças lógicas para os alunos da disciplina de Filosofia e Ética Profissinal

Pequeno Conto de Amor

Conto

Joaquim Rafael Soares

Entrou no quarto sem quase dar conta do menino debruçado sobre a cama desenhando, afagou-lhe apressadamente os cabelos em desalinho, comentou o desenho, algo sem importância, só por comentar. Sentou-se à penteadeira em um velho pufe, três pernas saídas de uma base circular acolchoada com veludo bege, desgastado nos lados, alguns fios pendentes intercalando o brilho remanescente do nobre tecido com o opaco que o tempo desbota nas coisas. As molas rangeram ao peso do corpo, o menino, girou a cabeça, olhou no som. Na altura da cama, a altura do pufe, o assento comprimiu amoldando-se ao corpo. Usava um short jeans muito curto que cedera à posição fazendo surgir a renda da lingerie rosa, suavizada pela alvura da pele acetinada de sutil penugem clara. A minúscula blusa de malha desfiada, - roupa de ficar em casa -, colada ao corpo, mal cobria os seios soltos, duas elevações refletidas no espelho, morrotes coroados por botões salientes, gêmeos assimétricos, trazendo ao olhar intercalado uma intermitente surpresa, incansável novidade. Da gaveta lateral do móvel tirou uma frasqueira, bolsa quadrada de couro marrom, fecho em latão, muito manuseada, aqui e acolá, manchas de ruge. Dela veio uma infinidade de potinhos, frascos, estojos, pincéis, paletas, estiletes, lápis, pinças, esponjas, chumaços de algodão, batons, blushs e outros pós. Meticulosa, sistemática, espalhou por sobre a mesinha os utensílios aparentando uma ordem previamente estabelecida, estudadas eqüidistâncias, razões e proporções, aos olhos do menino, místicas. Moto-motivo transcendente a pueril compreensão. Ao dispô-los moveu braços com destreza, apareceram carnes alvas, torneadas, por entre curtas magas. O dorso sinuoso vergou ao movimento dos braços, levantou a blusa, repuxou o short, dentremostrou mais a peça rosa rendada, ondulações inebriantes. De um pote surgiu buscado por esponja uma pasta fosca. Espalhou-a, brusca fricção circular: pela testa; nariz; pálpebras; faces; queixo; pescoço; colo; e, entre os seios. Forçou o decote, circundou os suaves contornos com desdém automático. O menino - transido - viu refletida a manobra. Sentiu o tremor de ondas, pedra em lagoa sacudida, doce tremer, viu maciez. Rosto e colo, uniformes em cor, aprontados, depois coloriu, delineou, pincelou, pinçou, azulou e avermelhou. O menino fixou-se na boca carnuda, encarnada, sentiu-se arrepiar, correntes assolavam-lhe o corpo. Soltou os cabelos, sacou da frasqueira um vidrinho de perfume, molhou o indicador, passou-o na nuca, nos braços, no colo, molhou-o mais uma vez, trilhou a senda tortuosa do busto. O menino embriagado com o odor melífluo tentou falar, nada disse... Uma branda tontura, agoniazinha no estomago, calafrios, leve ardência quente, não sabia o que era, parecia uma dor boa, coisa com jeito de brincadeira de bola de gude, bolo quente e balão de São João. Gostou.
Consegui dizer: - Tia não vá!
A moça não escutou a voz falhada do menino, levantou-se, saiu para o quarto de vestir.