Esboço de uma tentativa de romance em capítulos curtos de uma velha história da cultura do açucar
IX
Lúciamaria estava com mais de dezesseis anos e solteira, esperei para fazer o casamento com o filho de Armando Albuquerque, senhor do São Roque, mas o menino resolveu estudar medicina em Salvador, lá acabou casando com uma filha de um Desembargador, perdi de vista.
Pedi a Donana para procurar informação com as freiras de Nossa Senhora do Carmo, justo nesse tempo, na festa da botada de cumeeira da casa grande do Engenho Majestade do Senhor Pedro de Souza Leão, fui apresentado ao pai desse daí o Senhor Wanderley do Tabocas. Pareceu-me um homem de bem, o rapaz alto, bem aparentado, olhos claros, agalegado. Lúciamaria agradou-se. Conversei muito com o homem, não podia imaginar que o filho não tivesse saído ao pai, ou mesmo talvez saiu, me enganei, é muito difícil, nunca aconteceu, mas pode, sabia eu lá se o velho não escondia esses defeitos? Nada atinei, convidei a família para um almoço na nossa casa. A Senhora mãe mostrou-se muito educada, de finos trejeitos, salamaleques, alva, cabelo de milho, vestida em rendas da Madeira. Trouxe acompanhando duas aias, uma mulata bem clara, quase branca, a cativa até falava francês, fez envergonhar as daqui que nem o português falam direito, carregam com o dialeto cantado deles, botando vício nas crianças da casa Grande. Nessa visita achei que não havia por que mais esperar. Marcamos o noivado. O velho disse que na festa acertaríamos os detalhes do dote. O Mata Grande já apalavrado nesse tempo, corri com a compra. Apeguei-me a essa menina, era a caçula queria que morasse aqui pertinho, fazendo divisa com as minhas terras, as outras acabaram ficando muito longe. Pensei em criar os meus netos, só tive filhas, os netos são filhos que não tive, meu sangue sem máculas, como dizia minha mãe, filho das minhas filhas meus netos são, dos meus filhos serão ou não.
Foi outro erro comprar esse engenho fronteiriço, não podia adivinhar.
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